terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Bebe-a-bá


"Um sentimento puro é o sorriso de um bebê. Ele enche o coração de alegria assim que é visto. Uma criança tão pequena é capaz de transformar o dia de qualquer pessoa quando sorri. Será que bebê teria mesmo cara de joelho, como alguns dizem? Não, não era possível de acreditar. Anjinhos tão bonitos que sorriem, choram, murmuram e brincam fazendo barulho com a boca."
Era o que a mãe pensava enquanto amamentava seu filho na cadeira de balanço. Esse era também o mesmo pensamento que havia tido no momento de seu parto. Hoje, ela podia dizer a todos: sou a pessoa mais feliz dentre todas as que conheço.


quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Sentimento


Sentimento profundo que percorre o corpo todo. Um olhar ardente vindo em sua direção. Como não sentir? Como não se deixar possuir? E vindo assim, ia se entregando. Sentindo e se deixando sentir. Esse é o amor que ela sentia com apenas um olhar que ele lançava em sua direção. Um amor platônico, porém. Ele, nada demonstrava, apenas olhava.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Não sei


Céu sem limites, mar imenso, um pontinho na parede, o branco mais branco, o amor imensurado. 
Infinitude.
Angústia, medo, insegurança. 
Viver e não saber.
Saber e viver?
Carpe diem!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A bolinha pula-pula

Vivia em uma caixinha na terceira prateleira do armário uma bolinha pula-pula, daquelas que apenas com um quique no chão, já pulam longe. Eis, porém, que essa bolinha já estava parada já fazia um tempinho. A menininha da casa até tinha tentado alcançá-la, mas devido aos seus bracinhos serem muito curtos, de nada adiantou a tentativa. Ela teve que apelar pra o chiclete que estava mascando. Esticou-o, o mais comprido que pode, e tentou, assemelhando-o a um fiozinho pegajoso, alcançar a bolinha e... nada.  “Desistir, jamais” – pensava ela. Pegou, então, uma vassoura e não é que deu certo? A caixinha caiu diretamente no chão e abriu-se imediatamente. A bolinha, ao ver que estava a um passo de seu grande pulo, deu-lhe um sorriso e a menina a pegou. Faltava agora apenas um quique. Ué, cadê? A menina apenas a segurava bem forte em suas mãos como se fosse um tesouro. A bolinha finalmente entendeu, ela era o brinquedo da menina e, quem sabe um dia, daria o seu grande pulo.

domingo, 24 de outubro de 2010

(En)tender

- Entender? Entender é complicado..., principalmente quando não se quer entender aquilo que se deve entender.
Era o que dizia a avó da menina naquela tarde no último piquenique de sua vida.
A menina tentava entender, tentava tentava, mas não entendia de jeito nenhum. Por que a avó tinha que deixá-la? Seria tudo um sonho ou mera realidade? Tender, com o prefixo 'en' acrescido. Pra que? Tender seria muito mais fácil, tendência, oras! Tendência da vida, tendência dos acontecimentos.
Um fiozinho emergia naquele momento nas idéias da menina. A princípio só um pontinho. Bem pequeno, pequeno mesmo. Porém, esse pontinho, foi se transformando em uma linha que ia costurando os vários pontinhos soltos de idéias. Tinha-se agora, uma linha contínua, que aos poucos fazia a menina "entender" os fatos que a circundavam.
Ela era órfã? Deve-se o leitor estar se perguntando. Talvez, diria eu. Órfã de carinho, órfã de sentimentos, de emoções que já não estavam mais ali.
Anos mais tarde ela ainda recordava o último piquenique com sua avó. Ela era toda menininha da saia rodada e da blusa de bolinhas. Menininha loira com um ar de curiosidade.Esperta? Sim, com certeza, afinal era uma criança. Como a avó tinha cuidados para com a menina. E sempre ao final do piquenique lhe contava uma história que só teria fim no próximo encontro das duas debaixo daquela árvore. Uma história, porém ficou sem fim. Qual seria o fim daquela abelhinha perdida?
A menina não encontrava soluções e, várias vezes, tentava entender o que a avó havia lhe deixado em suas últimas palavras.
Sim, era o que ela fazia: entendia, entendia, entendia e, mesmo assim, não entendia.
Mais uma vez, depois de dez anos, ela foi ao local do piquenique. Sentou-se embaixo da árvore como todas as vezes, comeu o lanche e frutas que trouxera e recontou-lhe a última história da avó.
Uma gota de água, todavia, caiu-lhe na ponta de seu nariz. Uma gota de água, sozinha, perdida, assim como a menina se sentia. Até que aquela gotinha juntou-se a outras, formando-se uma grande chuva. Então, pensou a menina:
- Entender... oh palavrinha mais fascinante!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Fotografia

Fiz um retrato de você, não te contei? Tão linda... tão angelical... tão perfeita. Perfeição maior não poderia existir. Você sorrindo pra mim e me fazendo, na hora, sorrir. Sim, eu estava apaixonado e admitia abertamente. Eu gritava e estremecia de felicidade. Isso sim era felicidade plena. Aquela felicidade tão maior do que pedi à Deus. Nunca fui muito crente, mas sempre acreditei na existência de uma força maior que nos move. O que importava agora era esse sentimento que eu sentia mais forte a cada dia. Eu estava era feito um bobo e Marcela era essa razão de minha existência.
Foi em um dia de sol que nos conhecemos, no único parque da cidade. Moro em um ovo, então esse nossa primeiro encontro não poderia ter lugar mais perfeito. No momento em que virei a cabeça, vi aquela linda mulher em minha frente, aquela luz que vinha e que não me deixava tirar os olhos. Era aquela imagem... aquela que ao primeiro olhar, queremos eternamente. Queria aquela mulher pra mim. Faltava-me só coragem para falar-lhe. Sim, eu era um fraco.
Passei uns breves minutos entre a tentativa certeira de mexer os dedos do meu pé e entre apenas permanecer imóvel ali naquele lugar. Que opção escolher? A musa de minha vida estava ali, na minha frente, e eu nem sabia qual decisão tomar. Ah, temíveis seres indecisos, por que somos assim? Por que eu era assim?
Ir ou não ir falar com ela, eis a questão...
Cinco minutos já haviam se passado e eu apenas olhava a moça sem retirar os olhos daquela imagem. No entanto, ela continuava a acariciar seus lindos cabelos cor de ouro sem nem ao menos notar minha presença.
Movi um de meus pés. Primeiro passo para se chegar a um lugar, não é mesmo? Primeiro os dedinhos do pé que começavam a se mover, depois o meu pé inteiro já estava suspenso no ar e um passo inteiro foi dado. Logo em seguida o pé esquerdo também dava o seu passo. Dois passos, três, quatro, cinco e seis. Parei. Precisava refletir novamente. O que falaria para aquela dama? Afinal, que tipo de cavalheiro seria eu se apenas me dirigisse até ela sem nem ao menos ter uma frase decente na cabeça para lhe falar? Aquelas cantadas do tipo "a gatinha tem telefone?" já não me serviam mais. Era preciso algo que a surpreendesse, mas o que exatamente? Eu já estava ficando angustiado e tal empreitada já estava começando a arrepiar-me os cabelos (os poucos cabelos ainda sobreviventes).
Totalmente ainda sem palavras decidi ir até o fim. Não podia deixar essa oportunidade escapar pelos meus dedos devido apenas a um defeito meu de nascença: a total incapacidade minha de falar com uma mulher, vê se pode...
Estava em sua frente. Ela, de cabeça baixa, trançando os cabelos, não havia me visto em um primeiro momento. Pude captar aquela imagem e registrei em meus pensamentos para depois transformá-la em uma bela pintura. Finalmente, olhou-me. Eram olhos de quem não me conhecia. Olhos que interrogavam o motivo pelo qual aquele estranho homem estaria parado ali em sua frente. Pois bem, lhe falei:
- Oi, sou Henrique, muito prazer.
Timidamente ela me respondeu:
- Me chamo Marcela.
- Você vem sempre aqui?
Não acredito que entrei no velho clichê. Como eu era burro. Porém, se ela percebeu, respondeu de maneira educada que vinha só de vez em quando. Bom, pelo visto estava conseguindo levar a conversa numa boa.
- Também venho só de vez em quando, gosto mesmo é de visitar a livraria central. Já foi lá?
- Já sim, sempre compro livros lá. Adoro ler.
- Também leio bastante, principalmente romances históricos.
- E o que você acha do museu?
Ela havia me feito uma pergunta, ou seja, estava interessada em saber sobre mim.
- O nosso é pequeno, prefiro o da cidade vizinha.
- Bom, eu gosto bastante. Ia todo domingo com o meu pai quando era menor.
Que furada Henrique. Por que fui responder que preferia o da cidade vizinha? Tinha que ter dito sobre as qualidades do nosso museu. Eu era um asno mesmo.
- E os bailes? Você costuma frequentá-los?
- Uma vez por mês apenas.
- Eu vou duas. Quem sabe possamos nos encontrar no próximo e bailar.
- É... quem sabe.
- Vou deixá-la em paz agora. Até qualquer hora.
Ela apenas acenou-me e este foi o fim de nossa conversa. Foram os cinco minutos mais formidáveis que poderiam existir. Era um sentimento inexplicável que invadia-me por inteiro, arrepiando-me. Que menina aquela. Que menina. Fui pra casa pensando naquela imagem diante de meus pés.
Entardeceu e fui dormir com uma fotografia em minha mente: era a de Marcela sentada na grama ao lado de uma árvore acariciando seus cabelos louros.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Coesão? Aham!

-Aham.
Era só o que eu conseguia responder a qualquer pergunta que me faziam. Nada mais, apenas essa simples palavra.
-Louca?
-Aham.
Até quando era uma simples pergunta em que a resposta devia ser um "não", era o famoso "aham" que imperada. Devia ser problema de nascença. Mamãe sempre dizia que eu já em sua barriga fazia barulhinhos esquisitos.
Bizarra eu? Aham. FATO. Já dizia o ditado: "de médico e de louco... todo mundo tem um pouco".
Aham pra cá, aham pra lá. Eu devia estar sofrendo algum distúrbio de palavras, se é que esse tipo de doença médica existe.
-Aham - o meu consciente dizia.
Essa coisa de eu tentar ser poeta estava fazendo os meus últimos neurônios que ainda restavam transformarem-se todos em um simples amontoado com quatro palavras: A - H - A - M. Perseguição assim, só em minha cabeça. Dormir para descansar não adiantava mais. Ler outras palavras, pra que? Dançar? Até um tal de Aham tinha nome de meu par!
-A
-H
-A
-M
Não, de novo não.
E o ciclo de ahans se configurava a cada dia da mesma maneira.
Obsessão? Aham, já era uma sim. Não dava pra escapar. E eis que nessa repetição propriamente dita que estava minha vida, uma quebra acontece:
-Uhum!